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8 de fevereiro de 2019

Resenha: O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini

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Autor: Khaled Hosseini
Editora: Nova Fronteira 
365 Páginas

Sinopse: O Caçador de Pipas é considerado um dos maiores sucessos da literatura mundial dos últimos tempos. Este romance conta a história da amizade de Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, que vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 1970. Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas. E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Após desperdiçar a última chance, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética ao Afeganistão, mas vinte anos depois Hassan e a pipa azul o fazem voltar à sua terra natal para acertar contas com o passado. Compre o livro aqui.
"Por você, faria isso mil vezes!". "Por você, faria isso mil vezes!". Essa frase ficou ecoando na minha cabeça muitas horas depois de eu ter terminado O Caçador de Pipas e até no dia seguinte. Por quantas pessoas você faria algo mil vezes ou, por quais pessoas você faria algo mil vezes? 
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Hassan pegaria a última pipa azul do glorioso campeonato de pipas que Amir, seu melhor amigo, venceu. Afinal, os dois são praticamente irmãos: brincam juntos, sobem em árvores juntos, vão comprar comida juntos, conversam bastante... Mas, como nem tudo são flores, também há algo que os separa: os dois moram em Cabul, no Afeganistão, mas são de etnias diferentes. Enquanto Amir é um pashtun, rico, bem-nascido e com escolaridade boa, Hassan é só um hazara pobre e simples que não sabe ler nem escrever.
Ao mesmo tempo, Hassan é sincero, intuitivo e corajoso, enquanto Amir é covarde, muito exigente consigo mesmo e está sempre procurando a atenção e aprovação do pai, que parece muito mais preferir Hassan.  

Mas, logo depois do campeonato de pipas, algo acontece e muda para sempre a relação dos dois. De uma hora para outra, Amir fica grosseiro, estúpido, ingrato e cruel com Hassan, que não sabe mais o que fazer para poder voltar a brincar com o amigo. A invasão soviética ao Afeganistão também não ajuda em nada e faz com que o Amir e o pai achem uma oportunidade de se mudarem para os Estados Unidos, separando de vez a relação dos dois. 

Entretanto, o passado sempre nos cobra novas atitudes e Amir, muitos anos depois, recebe uma ligação e se vê obrigado a voltar à sua terra natal para rever suas contas, pois sempre "há um jeito de ser bom de novo". Porém, quando isso acontece, o pais já está devastado pelo governo do Talibã, que quer "purificar" o povo. Mesmo em meio há tantas mudanças, Amir encontra formas de fazer o melhor que pode com o que ainda tem. 
"Não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar". - Pág. 09.
O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini | Foto: Luiza Lamas
De uns tempos para cá, percebi uma certa inclinação minha em gostar mais dos personagens coadjuvantes do que do principal e com esse livro não foi diferente. Nossa, como eu queria abraçar Hassan o tempo inteiro enquanto lia a história e dizer que em algum momento a vida iria melhorar! Falar que Amir é cruel com ele eu acho até pouco, apesar de os dois serem amigos. De vez em quando, o menino lê para Hassan, mas zomba dele quando pergunta sobre uma palavra nova e desafia a sua lealdade o tempo inteiro, questionando, por exemplo, se Hassan comeria cocô por ele. 

Durante a história, somos convidados a acompanhar toda a vida de Amir nos Estados Unidos e esse foi o meu único porém com a história. Para mim, essa parte ficou um tanto quanto extensa e achei que em alguns momentos ela poderia ter sido reduzida. Mesmo assim, isso de maneira nenhuma é algo que te faz cansar da história. 

Aliás, mesmo com tantas reviravoltas, Khaled soube costurar e amarrar a história de um jeito maravilhoso. Eu ficava o tempo todo entre "não quero ler o livro porque estou com medo do que vai acontecer com os personagens" e "meu deus, preciso continuar a ler, porque quero saber o que acontece depois". Quando o clímax aconteceu, não consegui mais parar de ler. 

Apesar de o pano de fundo da narrativa ser conflitos políticos, sociais e guerra, saiba que falar sobre esse assunto não é, de longe, o propósito da história. O Caçador de Pipas é sobre culpa, amor, perdão e, acima de tudo, redenção: sobre fazer o melhor que se pode com o que ainda se tem, perdoar aos outros pelos erros e, sobretudo, perdoar a si mesmo. 
"Existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo. Quando você mata um homem, está roubando uma vida. Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça". - Pág. 25 e 26. 
Um beijo e foca na leitura! 
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