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25 de fevereiro de 2017

Falando sobre: Lolita

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Autor: Vladimir Nabokov
Editora: Biblioteca Folha
320 Páginas


Sinopse: Irreverente e refinado, este é um dos romances mais célebres de todos os tempos. É também uma aventura intelectual que não deixa ninguém indiferente, um relato apaixonado de uma sensualidade alucinada, uma autópsia implacável do modo de vida americano. De um lado, um homem de meia-idade, obsessivo e cínico. De outro, uma garota de doze anos, perversamente ingênua. A química se faz e dá origem a uma obra-prima da literatura do nosso século. 'Lolita' é chocante, desafia tabus, escandaliza. O livro foi incorporado ao imaginário coletivo da modernidade, e até o nome da personagem tornou-se um substantivo corrente, provas do alcance e da genialidade do autor.

Oi gente! O livro de hoje é um clássico polêmico do século XX que me deixou agoniada em várias partes.
"Quero agora expor uma ideia. Entre os limites de idade de nove e catorze anos, virgens há que revelam a certos viajores enfeitiçados, bastante mais velhos do que elas, sua verdadeira natureza - que não é humana, mas nínfica (isto é, diabólica). A essas criaturas singulares proponho dar o nome de 'ninfetas'." página 18
A narrativa é em primeira pessoa e nosso narrador protagonista é Humbert Humbert, um homem de quarenta e poucos anos que é assumidamente um pedófilo. Tem uma atração sexual doentia por meninas entre dez e quinze anos, que ele mesmo reconhece que é, mas pergunta para nós leitores: por que seria errado ter um relacionamento com uma menina de doze anos mas seria legal, perante a lei, ter um algo com uma jovem de dezoito?
"[...] consumia-me uma demoníaca fogueira de concupiscência por todas as ninfetas que passavam na rua e que eu, por um covarde respeito às leis, jamais ousava abordar." pagina 20
Esse livro é como um diário de Humbert, e ele entra em contato com nós leitores, como se ele soubesse que estamos o julgando a todo momento. Ele tem consciência dos erros que comete, mas afirma que é um ímpeto que não consegue controlar.

Humbert é um acadêmico literário que tem inúmeros conhecimentos literários e filosóficos, sendo um homem muito culto. No inicio da história está em Paris, mas após ser traído pela esposa que ele nem ao menos se importava, decide se mudar para os Estados Unidos.
" [...] o pequeno e fatal demônio em meio às crianças normais. Elas não a reconhecem como tal, e a própria ninfeta não tem consciência de seu fantástico poder." página 19
Sua ida para os Estados Unidos já era com a intenção de conhecer a filha de doze anos, da família que ele alugaria a casa. Contudo, quando chega à cidade de Ramsdale, a casa tinha pegado fogo e seus planos acabam mudando, pois uma mulher viúva chamada Charlotte Haze oferece um cômodo de sua casa para alugar.

Humbert somente vai por educação, já que tinha perdido os planos de conhecer uma possível garota. Porém, para surpresa do protagonista, Charlotte tem uma filha da mesma idade chamada Dolores, uma ninfeta melhor do que H. H. poderia imaginar. Assim, ele começa a ter uma atração sexual por essa menina de doze anos e dá à ela o apelido de Lolita.

Ele trata bem a mãe da garota, já com segundas intenções com a filha. Ele percebe as brigas que ambas têm e consegue ficar do lado da garota para conquistá-la. Após alguns meses que Humbert está morando na casa, Dolores vai a um acampamento de verão e a mãe da jovem se apaixona pelo protagonista e H.H. casa-se com Charlotte pensando no seu futuro sendo "pai" de Dolores.
"Segundo os especialistas em sexualidade infantil, tenho todas as características necessárias para estimular o interesse de uma menina: queixo bem talhado, mão musculosa, voz grave e sonora, ombros largos. Além disso, dizem que me pareço com um cantor ou ator por quem Lô é 'gamada'." página 45
Infelizmente logo depois, enquanto Dolores ainda está viajando, Charlotte sofre um acidente de carro e falece. Humbert tem a guarda de Dolores e se vê livre para fazer o que desejar. Ele a busca no acampamento, diz à menina que a mãe está doente e começa uma viagem de carro pelo país. Dolores, para mim, é uma garota órfã, fragilizada e inocente, que vê esse homem, inicialmente, como um estrangeiro interessante mas ela não tem a noção do que isso é para seu futuro.

Durante essa viagem, Humbert tem relações sexuais com Dolores e foram cenas desagradáveis para mim, pois fiquei imaginando o que se passava na mente da menina.
"Vocês compreendem, ela não tinha mesmo para onde ir." página 143
O interessante do livro é que nos dá a visão do Humbert somente, sendo ela egoísta de um homem pedófilo. Então segundo ele, a menina é lasciva, sabe o que está fazendo e tem consciência de seu poder de sedução como ninfeta, mesmo tendo somente doze anos. Isso que é desconfortável, a visão de um homem que alicia uma criança mas que a vê como uma menina sedutora que o manipula com poder de ninfeta que tem. Chegou a ser angustiante e nojento para mim.

Eu, por ser mulher, achei esta leitura agoniante pois o autor conseguiu demonstrar como é uma mente de um pedófilo e, quais desculpas ele criaria dentro de sua mente para se manter no erro e continuar com a situação. E por ser um homem culto, Humbert expressa o que sente por Dolores de um forma bem escrita e elaborada, para diminuir o que fez.
"Eu te amei. Era um monstruoso pentápode, mas como te amava. Era desprezível, brutal, torpe - tudo isso e muito mais, mais je t'aimais, je t'aimais!" página 288
É um livro que não foi escrito para demonstrar alguma moral e muito menos para concordar com as atitudes do narrador. Foi escrito para expor como é a mente de um pedófilo. A leitura é massante pois Humbert devaneia em seus pensamentos e muda do assunto principal para questões banais e descrições desnecessárias. Por isso demorei um pouco mais para terminar de ler. 

O desfecho foi normal, imaginei algo do tipo mas não me surpreendeu. Dou quatro raios pois há inúmeras partes massantes, mas o tema e a forma como foi escrito são realmente únicos. Eu particularmente não consigo imaginar essa história como um romance ou imaginar a Dolores seduzindo o Humbert. Qual a visão de vocês?
"[...] a mente convencional de Lolita foi se dando conta de que até mesmo a mais miserável das vidas em família era preferível àquela paródia de incesto - que, afinal de contas, era o que eu tinha de melhor a oferecer à pobre criança, abandonada." página 290
Espero que tenham gostado da resenha, não esqueçam de comentar o que acharam, se têm ou não interesse de ler o livro, ou se já o leram. :)

E lembrem-se: foca na leitura!
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